Thursday, August 17, 2006

A América é vermelha



Foi uma noite grandiosa. Inesquecível. Diante de 57 000 colorados, o Internacional empatou com o São Paulo, fez valer a vantagem conseguida no jogo de ida, no Morumbi, e conquistou a América pela primeira vez em seus 97 anos de história.

Depois de garantir uma grande vitória no primeiro tempo desta decisão de 180 minutos, o Colorado entrou em campo um pouco mais cauteloso, até por jogar por dois dos três resultados possíveis em uma partida de futebol: a vitória e o empate. No time de Abel Braga, o substituto de Fabinho, expulso no jogo de ida, seria Índio. No de Muricy Ramalho, Richarlyson assumia a vaga do também expulso Josué. E não apenas. Não podendo contar com Ricardo Oliveira, o técnico são-paulino colocou em campo Aloisio.

Uma tática que, nos primeiros minutos de jogo, funcionou muito bem. Logo a 6min, Aloisio ajeitou para Danilo que, de fora da área, bateu com estilo, no ângulo. Clemer voou e, de mão trocada, mandou pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio, Edcarlos desviou no primeiro pau e Lugano perdeu uma chance incrível, cara-a-cara com Clemer.

A iminência do gol são-paulino acordou o Inter. Aos poucos a quipe de Abel Braga se assentou em campo e equilibrou o jogo. Na primeira boa oportunidade de marcar, aos 10min, Alex lançou para Jorge Wagner, mas Rogério Ceni saiu rápido do gol e atrapalhou a conclusão. Três minutos depois, o ala-esquerdo roubou a bola na intermediária e fez ótimo lançamento para Fernandão, mas Fabão se recuperou a tempo de evitar que o capitão colorado abrisse o placar.

O São Paulo apostava na bola aérea e na presença de Aloisio na área. O Inter, nos contra-ataques em velocidade com Rafael Sóbis.

Na arquibancada, a torcida que sempre foi parceira por pouco não prejudicou o time. A fumaça dos sinalizadores que iluminavam o Beira-Rio acabou por causar uma espessa neblina, e a partida ficou interrompida por cerca de cinco minutos.

A parada fez bem ao Inter. Aos 26min, Sóbis passou pela marcação e cruzou, mas Souza cortou antes que a bola chegasse a Fernandão. Na sequência, Jorge Wagner bateu o escanteio, Ceará desviou no primeiro pau e Fabiano Eller chegou um pouco atrasado, mandando a bola pela linha de fundo, desviada.

Aos 29min, o Colorado abriu o placar: Jorge Wagner cobrou falta sofrida por Rafael Sóbis, Rogério Ceni não segurou a bola e permitiu que Fabiano Eller tocasse para Fernandão fazer o primeiro gol da partida.

Um gol que o São Paulo sentiu. Demais. Afoito, o time de Muricy não via formas de chegar ao gol defendido por Clemer. Danilo era anulado por Índio. Bolívar, em partida extraordinária, não cedia espaços para Aloisio. Fabiano Eller, pela esquerda, comandava a saída de jogo.

As oportunidades de gol, porém, eram escassas. Aos 45min, Índio cabeceou no travessão após receber passe de Alex. Mas o zagueiro colorado estava impedido no lance. E o primeiro tempo de partida acabou com vitória parcial do time de Abel Braga.




Precisando virar o placar, o São Paulo voltou para o segundo com maior disposição. Mas foi o Inter que, logo a 1min de jogo, quase ampliou: Ceará cruzou para Fernandão, que se antecipou à zaga mas, pressionado por Fabão, acabou mandando a bola pela linha de fundo.

Passado o primeiro susto, aos 5min o Tricolor Paulista empatou: Souza cobrou a falta, Lugano desviou de cabeça e Fabão, livre de qualquer marcação, não teve trabalho para tocar para o fundo das redes, na saída de Clemer.

E assim como o adversário, o Colorado sentiu o gol. Mesmo assim, não dava espaços para o São Paulo, que insistia nas bolas altas. Aos 13min, Jorge Wagner cobrou a falta para Fabiano Eller, que venceu a marcação mas cabeceou desviado, por sobre a goleira. Na sequência, Muricy Ramalho enfim mexeu na sua equipe: tirou Danilo e Richarlyson e mandou a campo Lenílson e Thiago. Como de costume, não abriu mão dos três zagueiros.

Abel braga, por sua vez, mantinha sua equipe muito bem postada, com Tinga abrindo pela direita e Rafael Sóbis pela esquerda, quando o Colorado tinha a posse de bola.

Aos 21min, Alex lançou Jorge Wagner na esquerda, que cruzou para a área, onde estava Fernandão. Após rápida tabela com Rafael Sóbis, a bola chega em Ceará, na direita, que faz cruzamento precioso para o capitão colorado. Rogério Ceni faz uma defesa espetacular em um primeiro momento, mas dá rebote. Que Fernandão aproveita, cruzando para Tinga, completamente livre, tocar de cabeça para o gol vazio.

Na comemoração, o meia prefere exibir uma mensagem a celebrar com a camisa rubra e leva o segundo cartão amarelo, o que resulta em sua expulsão. Uma atitude impensada, que faz com que o restante dos jogadores precise se desdobrar em campo para suprir sua ausência. Atento, o técnico são-paulino enfim saca um zagueiro, Edcarlos, e coloca em campo mais um atacante, Alex Dias.

Aos 33min, Lenílson solta a bomba de fora da área e faz ecoar um "uuuh" na arquibancada. Na sequência, Abelão troca Alex por Michel, procurando dar maior movimentação e capacidade de marcação para a equipe. Um minuto depois, Aloisio leva pavor à torcida colorada ao desperdiçar uma chance clara dentro da área, de frente para o gol.




Aos 37min, nova mudança: sai Rafael Sóbis, exausto, e entra Ediglê – a pedido do capitão, Fernandão, que acenara para o banco pedindo auxílio na bola aérea, uma insistência são-paulina.

Faltando cinco minutos para o fim do tempo regulamentar, o São Paulo empata: Júnior levanta para a área, recebe de volta de Aloisio e solta a bomba. Clemer bate roupa e a bola sobra livre para Lenílson, sem marcação, dar números iguais ao placar, novamente: 2 a 2.

O goleiro colorado viria a se redimir nos momentos finais da partida. Primeiro, em uma cabeçada à queima-roupa de Alex Dias, defendida no ângulo. Depois, em um chute rasteiro de Souza, que Clemer buscaria no canto esquerdo de sua goleira.

Foram mais três minutos de aflição, em que o São Paulo teve dois escanteios ao seu favor, até que o árbitro argentino Horacio Elizondo desse a partida por encerrada, e soltasse o grito da garganta dos quase 60 mil colorados presentes nas arquibancadas do Gigante: 97 anos após sua fundação, o Sport Club Internacional é campeão da América.


Libertadores 2006
Internacional 2 x 2 São Paulo
Beira-Rio, Porto Alegre

1 comment:

Anonymous said...

POEIRA! POEIRAAAA! LEVANTOU POEIRAAAA!!!