Friday, August 25, 2006

3 expulsões, 2 empates, 4 pontos perdidos

O Internacional fez certo, muito certo, em priorizar a Copa Libertadores. A conquista da América justificou qualquer sacrifício que o clube tivesse feito no Campeonato Brasileiro. Mas, nas duas últimas partidas, pontos preciosos foram desperdiçados por expulsões, no mínimo, infantis.

Primeiro, foi Perdigão, na partida que marcou o reencontro do time campeão da América com sua torcida. O Colorado enfrentou o Palmeiras, no Beira-Rio, e se encaminhava para uma bela vitória. Perdigão havia feito grande passe para Rafael Sóbis abrir o marcador, mas, nos últimos momentos do primeiro tempo, recebeu cartão amarelo por uma falta por trás, seguiu reclamando do árbitro, e acabou expulso de campo. Com um jogador a menos, o Colorado foi pressionado pela equipe de Tite, levou o gol de empate e poderia até mesmo ter sido derrotado não fosse o apoio incondicional da torcida nos momentos decisivos da etapa final.

Contra o Goiás, em Goiânia, foi ainda pior. Fernandão abriu o placar logo cedo, após passe de Iarley, e o mesmo Iarley teria um gol anulando erroneamente antes que terminasse o primeiro tempo de jogo. O time goiano teve um zagueiro expulso logo no início da segunda etapa, e a vitória parecia cada vez mais tranquila. A história do jogo, entretanto, começou a mudar aos 15min, com a expulsão de Rubens Cardoso. Fernandão marcaria novamente poucos minutos depois, mas uma nova expulsão, desta vez de Ediglê, acabou com as pretensões coloradas: Vitor e Luciano Almeida, nos últimos cinco minutos de partida, marcaram um gol cada e fecharam o placar em 2 a 2.

A situação do time de Abel Braga não ser a ser calamitosa, mas o grande números de expulsões nas últimas partidas acende a luz amarela no Colorado. O Internacional pode ter chegado ao seu grande objetivo na temporada, mas segue com grandes possibilidades de, também, conquistar o tetracampeonato brasileiro – que lhe foi surrupiado no ano passado. A perda de titulares importantes já havia sido significativa para a equipe, resta ao jogadores que continuam no clube provar que podem substituí-los à altura. Em campo e no coração do torcedor.


Brasileirão 2006

Internacional 1 x 1 Palmeiras
Beira-Rio, Porto Alegre

Goiás 2 x 2 Internacional
Serra Dourada, Goiânia

Thursday, August 24, 2006

Um dia sem fim



Está lá, no site do Colorado: em breve, o Internacional lancará o DVD oficial da conquista da América. O que tu vai encontrar na rua, em camelô, são gravações de programas que passaram na TV e etc (ou seja, algo bem caseiro, como a(s) fita(s) que eu gravei no fim de semana).

Guarda tua grana, que o DVD oficial é sensacional: uma equipe acompanhou o Colorado nas 24 horas anteriores ao jogo do Beira-Rio. São imagens inéditas e exclusivas.

O que? Meu post parece propaganda? E é mesmo. Afinal, o Inter é meu cliente e eu sei do que estou falando.

Clica aqui pra um pequeno preview.

Wednesday, August 23, 2006

Pronto para fazer história

Durante esses dias que sucederam a extraordinária conquista do Internacional, recebi muitos emails de amigos gremistas. Alguns, parabenizando. Outros, ironizando – e não poderia ser diferente. Mas uma ou outra, de desdém, me fizeram pensar porque os tradicionais adversários se dariam ao trabalho de menosprezar o título colorado, mesmo tendo duas Libertadores e um Mundial no currículo.

Pensando bem no assunto, acho que cheguei à resposta.
Preocupação.

Os gremistas, que já foram muito grandes, que já viveram grandes glórias, hoje vêem o tradicional adversário repeti-los – ao mesmo tempo em que amargam uma situação de coadjuvantes no cenário nacional, depois de mais uma temporada na Segundona. E a possibilidade real de o Internacional vencer o Mundial Interclubes deixa os tricolores simplesmente apavorados. A ponto de Ronaldinho, antes tratado como traidor, para ficar no mínimo, ser eleito como o porta-voz do Tricolor da Azenha no Japão, o único capaz de evitar que o Colorado iguale a maior glória do clube.


Compare-se o título do Tricolor, de 1995, com este do Colorado, de 2006. Conquista por conquista, a colorada é visivelmente mais significativa. Nem tanto por a campanha colorada ser melhor, e é, mas por ter enfrentado, principalmente nas finais, adversários bem mais qualificados.

Em 1995, na primeira fase, o Tricolor enfrentou o Palmeiras, além do Emelec e do El Nacional, do Equador. Dos três, o time paulista era, evidentemente, o mais qualificado – até por ser o bicampeão brasileiro naquela época. Com uma derrota já na primeira partida, o Tricolor classificou-se em segundo lugar na chave.

Neste ano, já na fase de grupos o Internacional enfrentou três campeões nacionais: Maracaibo, da Venezuela, Pumas, do México e Nacional, do Uruguai. E por mais que se dissesse que o time uruguaio não era mais o mesmo, havia de se reconhecer que o enfrentamento se daria com um time tricampeão da Libertadores e do Mundo. Quatro vitórias e dois empates deram ao Internacional a liderança da chave – e a segunda melhor campanha, no geral.


As oitavas-de-final reservaram um grande adversário para o Tricolor, em 1995: o Olímpia havia sido vice-campeão da Libertadores em 89, mas vencera a competição em 90, assim como o Mundial. Com duas grandes vitórias, no Paraguai e em Porto Alegre, o time de Felipão seguiu adiante em busca do bi da América.

O Internacional, por sua vez, novamente enfrentou o Nacional. Aquele que não era mais o mesmo, mas que mostrou ser um time copeiro. Uma vitória no uruguai seguida de um empate em Porto Alegre levaram o Internacional à próxima fase.

O adversário? A Liga Deportiva Universitária, de Quito, mais conhecida como LDU. Ou, se preferir, como a base da seleção equatoriana que disputou a Copa do Mundo da Alemanha. Jogando na altitude, o Colorado vencia até o segundo tempo, quando, sem fôlego, não resistiu à pressão da ótima equipe de Reasco, Mendez e Delgado. Foi a única derrota do time na competição. Uma derrota devolvida com juros na partida que ocorreria no Beira-Rio: 2 a 0, e a classificação às semifinais.

Já o Tricolor enfrentava novamente o Palmeiras. E a partida no Olímpico ficaria marcada pela violência e pela batalha em campo – bem ao gosto de seus torcedores. Após a expulsão de Rivaldo, na época o craque do time, e de Válber e Danrlei se envolverem em uma discussão que acabou em agressão, o Tricolor, com 10 jogadores, aplicou uma sonora goleada de 5 a 0 no adversário, que com apenas 8 jogadores em campo não conseguiu esboçar reação. O troco ficaria para o jogo da volta, em São Paulo, e o placar seria idêntico, não fosse o gol salvador de Jardel. No final, 5 a 1 para os paulistas, e a classificação tricolor para as semifinais, devido ao saldo qualificado.


Depois da batalha entre brasileiros, um alívio para o Tricolor, que teria pela frente novamente o Emelec. Um empate sem gols no Equador, seguido de uma vitória em Porto Alegre, levaram a equipe às finais, de forma até tranquila.

Diferentemente, o Internacional enfrenteria, nas semifinais, o Libertad. Campeão do seu grupo, o time paraguaio tinha, no currículo, a eliminação do River Plate, da Argentina. Após empatar na casa do adversário, o Internacional venceu no Beira-Rio e chegou à segunda final da Copa Libertadores em sua história.


A conquista tricolor se daria sobre o Nacional, da Colômbia, na época o time do folclórico goleiro Higuita e do atacante Aristizábal. Depois de uma boa vitória no Olímpico, por 3 a 1, o Tricolor empatou em 1 a 1, na casa do adversário (gol de Dinho, de pênalti), e chegou ao seu segundo título continental. O resto, como todos sabem, é história: enfrentando o todo-poderoso Ajax, no Japão, o Tricolor viu alguns de seus principais jogadores amarelarem e acabou derrotado na disputa de penalidades máximas.

O Colorado, por sua vez, chegou ao seu primeiro título da Libertadores superando o maior adversário possível: o São Paulo, justamente o atual campeão do mundo, único time brasileiro tricampeão da América. A vitória na capital paulista abriu caminho para a conquista, que se confirmou com um empate no Beira-Rio, diante de quase 60 mil colorados.


Agora, o Internacional prepara-se para ir ao Japão, com o intuito de igualar seu tradicional adversário. E se na disputa continental o adversário era poderoso, o possível adversário na final da competição intercontinental é ainda maior: justamente o Barcelona, considerado por muitos o melhor time da atualidade e que tem como maior destaque, ironicamente, o ex-gremista Ronaldinho, eleito pela FIFA o melhor do mundo nos dois últimos anos.

Se o Colorado conquistará o mundo não se pode dizer. Mas a mínima possibilidade de que isso venha a acontecer deixa metade do Rio Grande do Sul em polvorosa. Porque, para muitos, uma eventual vitória do tradicional adversário no Mundial Interclubes significaria a maior derrota do Tricolor dos Pampas em seus mais de 100 anos de história.

Thursday, August 17, 2006

A América é vermelha



Foi uma noite grandiosa. Inesquecível. Diante de 57 000 colorados, o Internacional empatou com o São Paulo, fez valer a vantagem conseguida no jogo de ida, no Morumbi, e conquistou a América pela primeira vez em seus 97 anos de história.

Depois de garantir uma grande vitória no primeiro tempo desta decisão de 180 minutos, o Colorado entrou em campo um pouco mais cauteloso, até por jogar por dois dos três resultados possíveis em uma partida de futebol: a vitória e o empate. No time de Abel Braga, o substituto de Fabinho, expulso no jogo de ida, seria Índio. No de Muricy Ramalho, Richarlyson assumia a vaga do também expulso Josué. E não apenas. Não podendo contar com Ricardo Oliveira, o técnico são-paulino colocou em campo Aloisio.

Uma tática que, nos primeiros minutos de jogo, funcionou muito bem. Logo a 6min, Aloisio ajeitou para Danilo que, de fora da área, bateu com estilo, no ângulo. Clemer voou e, de mão trocada, mandou pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio, Edcarlos desviou no primeiro pau e Lugano perdeu uma chance incrível, cara-a-cara com Clemer.

A iminência do gol são-paulino acordou o Inter. Aos poucos a quipe de Abel Braga se assentou em campo e equilibrou o jogo. Na primeira boa oportunidade de marcar, aos 10min, Alex lançou para Jorge Wagner, mas Rogério Ceni saiu rápido do gol e atrapalhou a conclusão. Três minutos depois, o ala-esquerdo roubou a bola na intermediária e fez ótimo lançamento para Fernandão, mas Fabão se recuperou a tempo de evitar que o capitão colorado abrisse o placar.

O São Paulo apostava na bola aérea e na presença de Aloisio na área. O Inter, nos contra-ataques em velocidade com Rafael Sóbis.

Na arquibancada, a torcida que sempre foi parceira por pouco não prejudicou o time. A fumaça dos sinalizadores que iluminavam o Beira-Rio acabou por causar uma espessa neblina, e a partida ficou interrompida por cerca de cinco minutos.

A parada fez bem ao Inter. Aos 26min, Sóbis passou pela marcação e cruzou, mas Souza cortou antes que a bola chegasse a Fernandão. Na sequência, Jorge Wagner bateu o escanteio, Ceará desviou no primeiro pau e Fabiano Eller chegou um pouco atrasado, mandando a bola pela linha de fundo, desviada.

Aos 29min, o Colorado abriu o placar: Jorge Wagner cobrou falta sofrida por Rafael Sóbis, Rogério Ceni não segurou a bola e permitiu que Fabiano Eller tocasse para Fernandão fazer o primeiro gol da partida.

Um gol que o São Paulo sentiu. Demais. Afoito, o time de Muricy não via formas de chegar ao gol defendido por Clemer. Danilo era anulado por Índio. Bolívar, em partida extraordinária, não cedia espaços para Aloisio. Fabiano Eller, pela esquerda, comandava a saída de jogo.

As oportunidades de gol, porém, eram escassas. Aos 45min, Índio cabeceou no travessão após receber passe de Alex. Mas o zagueiro colorado estava impedido no lance. E o primeiro tempo de partida acabou com vitória parcial do time de Abel Braga.




Precisando virar o placar, o São Paulo voltou para o segundo com maior disposição. Mas foi o Inter que, logo a 1min de jogo, quase ampliou: Ceará cruzou para Fernandão, que se antecipou à zaga mas, pressionado por Fabão, acabou mandando a bola pela linha de fundo.

Passado o primeiro susto, aos 5min o Tricolor Paulista empatou: Souza cobrou a falta, Lugano desviou de cabeça e Fabão, livre de qualquer marcação, não teve trabalho para tocar para o fundo das redes, na saída de Clemer.

E assim como o adversário, o Colorado sentiu o gol. Mesmo assim, não dava espaços para o São Paulo, que insistia nas bolas altas. Aos 13min, Jorge Wagner cobrou a falta para Fabiano Eller, que venceu a marcação mas cabeceou desviado, por sobre a goleira. Na sequência, Muricy Ramalho enfim mexeu na sua equipe: tirou Danilo e Richarlyson e mandou a campo Lenílson e Thiago. Como de costume, não abriu mão dos três zagueiros.

Abel braga, por sua vez, mantinha sua equipe muito bem postada, com Tinga abrindo pela direita e Rafael Sóbis pela esquerda, quando o Colorado tinha a posse de bola.

Aos 21min, Alex lançou Jorge Wagner na esquerda, que cruzou para a área, onde estava Fernandão. Após rápida tabela com Rafael Sóbis, a bola chega em Ceará, na direita, que faz cruzamento precioso para o capitão colorado. Rogério Ceni faz uma defesa espetacular em um primeiro momento, mas dá rebote. Que Fernandão aproveita, cruzando para Tinga, completamente livre, tocar de cabeça para o gol vazio.

Na comemoração, o meia prefere exibir uma mensagem a celebrar com a camisa rubra e leva o segundo cartão amarelo, o que resulta em sua expulsão. Uma atitude impensada, que faz com que o restante dos jogadores precise se desdobrar em campo para suprir sua ausência. Atento, o técnico são-paulino enfim saca um zagueiro, Edcarlos, e coloca em campo mais um atacante, Alex Dias.

Aos 33min, Lenílson solta a bomba de fora da área e faz ecoar um "uuuh" na arquibancada. Na sequência, Abelão troca Alex por Michel, procurando dar maior movimentação e capacidade de marcação para a equipe. Um minuto depois, Aloisio leva pavor à torcida colorada ao desperdiçar uma chance clara dentro da área, de frente para o gol.




Aos 37min, nova mudança: sai Rafael Sóbis, exausto, e entra Ediglê – a pedido do capitão, Fernandão, que acenara para o banco pedindo auxílio na bola aérea, uma insistência são-paulina.

Faltando cinco minutos para o fim do tempo regulamentar, o São Paulo empata: Júnior levanta para a área, recebe de volta de Aloisio e solta a bomba. Clemer bate roupa e a bola sobra livre para Lenílson, sem marcação, dar números iguais ao placar, novamente: 2 a 2.

O goleiro colorado viria a se redimir nos momentos finais da partida. Primeiro, em uma cabeçada à queima-roupa de Alex Dias, defendida no ângulo. Depois, em um chute rasteiro de Souza, que Clemer buscaria no canto esquerdo de sua goleira.

Foram mais três minutos de aflição, em que o São Paulo teve dois escanteios ao seu favor, até que o árbitro argentino Horacio Elizondo desse a partida por encerrada, e soltasse o grito da garganta dos quase 60 mil colorados presentes nas arquibancadas do Gigante: 97 anos após sua fundação, o Sport Club Internacional é campeão da América.


Libertadores 2006
Internacional 2 x 2 São Paulo
Beira-Rio, Porto Alegre

Os nomes do jogo

INTERNACIONAL


Defesa

Clemer
Seguro até falhar no segundo gol são-paulino.
Perfeito nos minutos finais.
Nota 8

Ceará

Grande jogada no segundo gol colorado.
Um guerreiro.
Nota 7

Índio

Pura raça e vitalidade.
Não deixou que Danilo jogasse.
Nota 8

Bolívar

Quase perfeito. O melhor zagueiro do Brasil
se despediu do Colorado com mais uma grande atuação.
Anulou Aloisio.
Nota 9

Jorge Wagner

Muita habilidade no apoio.
Importante na bola parada, sua especialidade.
Nota 7,5

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Ediglê
Entrou no final, para garantir o resultado.
Sem Nota



Meio-campo

Edinho
Mais uma boa atuação à frente da zaga.
Cresceu com o passar dos jogos.
Nota 8

Tinga

Sobrou vigor, faltou objetividade.
Fez o gol do título, mas quase pôs tudo a perder
ao ser expulso infantilmente.
Nota 6,5

Alex

Bem abaixo dos demais.
Parecia não estar 100% fisicamente.
Nota 5

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Michel
Entrou para ajudar na marcação.
Sem Nota



Ataque



Fernandão
Fez o primeiro gol. Deu o passe para o segundo.
Na hora decisiva, uma atuação de luxo.
Nota 9


Rafael Sóbis

Foi um tormento para a zaga são-paulina
enquanto teve pernas.
Nota 8,5



SÃO PAULO

Com Aloisio em lugar de Ricardo Oliveira, o São Paulo foi muito mais perigoso que na primeira partida. Mantendo um homem fixo na área, Muricy Ramalho segurou Bolívar e Índio na defesa, evitando que fossem ao ataque. Leandro, entretanto, não foi um companheiro à altura, pois estava mais preocupado em cavar faltas e criar tumulto. Danilo, apagado mais uma vez, comprometeu o rendimento de Júnior, mas Mineiro e Souza foram boas alternativas. Com três atacantes a partir dos 25min da segunda etapa, o Tricolor Paulista foi perigosíssimo e, tivesse mais tempo, talvez até levasse a partida para a prorrogação. A qualidade do time paulista somente valoriza mais a conquista colorada.

Nota 8

Os comandantes

ABEL BRAGA



Na partida decisiva, o técnico colorado manteve a atitude apresentada durante toda a vitoriosa campanha. Abel Braga venceu porque nunca teve medo de perder. Após a vitória na primeira partida, em São Paulo, poderia ter recuado a equipe no Beira-Rio, para garantir o resultado. Mas não o fez. Manteve o Internacional à frente, com Rafael Sóbis, Fernandão e Tinga, e com isso deixou seu adversário constantemente preocupado. O título é um prêmio ao técnico que sempre jogou para vencer e que nunca teve medo de arriscar.

Nota 10



MURICY RAMALHO

No comando do time paulista, Muricy Ramalho não foi diferente de quando comandou o Colorado: um técnico competente, sim, mas com um receio absurdo de ousar. Precisando vencer a segunda partida, o técnico do São Paulo não abriu mão de sua trinca de zagueiros. Nem mesmo o primeiro gol colorado fez com que Muricy vencesse seus medos. Somente quando levou o segundo gol resolveu ir para o tudo ou nada, colocando sua equipe à frente. Neste momento, o Tricolor Paulista foi superior em campo e por pouco não levou a disputa para a prorrogação. Ao contrário de Abel Braga, Muricy Ramalho não vence porque tem medo de arriscar.

Nota 6

A taça é tua, Colorado



(clique para ampliar)

Wednesday, August 16, 2006

Prepara-te, Colorado



(clique para ampliar)

Tuesday, August 15, 2006

O que é vosso, há de ser vosso

É impossível tirar da cabeça a imagem de Rafael Sóbis partindo para cima da zaga são-paulina. A cada gingada de corpo em direção à meta, o camisa 11 colorado balançou consigo sete milhões de colorados. De pé nos bares, em frente a telões ou mirrados televisores, em confortáveis sofás ou simplórios caixotes, os seguidores do vermelho e branco jogaram seus corpos para a direita e para a esquerda, como se pilotassem o atacante. Tiveram na retina todo o desconserto do grandalhão zagueiro tricolor, se perdendo com tamanha destreza e explosão. Atônito, por segundos, o defensor chegou a imaginar ter escolhido a profissão errada.

A raiva de toda a torcida com os atos sujos protagonizados no Morumbi eclodiu num chute de força incomensurável. Mesmo nascendo e renascendo em sucessivas encarnações como goleiro, o camisa 1 jamais buscaria aquela bola. Ela foi empurrada por toda a inconformidade e ânsia de uma nação. Foi dirigida por milhões de olhos e corações rubros. Carregou toda alma de um povo. Toda a espera quase centenária. A minha. A sua. E retumbou num grito que ensurdeceu a maior cidade do continente. Por instantes, paulistas procuraram seus bunckers, carregando mantimentos e água, cientes de que o PCC havia, enfim, declarado guerra.

Mal sabiam eles que a guerra já estava declarada há muito tempo. Desde que o Colorado teve surrupiado seu título brasileiro em detrimento de outro paulista. Ali, começou a verdadeira batalha. E ela ainda não acabou.

Lembre-se, torcedor. A soberba sempre vestiu três cores. Não façamos que ela mude de camisa nesse momento. É preciso termos os pés no chão. Nada está ganho. Nosso adversário é de um valor mundialmente reconhecido. Se faz necessária toda a consideração à sua qualidade e tradição. Respeitando sempre. Temendo, nunca. Somos Farrapos de um novo tempo.

No dia 16, vá ao Beira-Rio com o sentimento de que estará escrevendo o capítulo mais importante da história de tua vida. De teu clube. Teu apoio é imprescindível. Cada vez mais. Minuto a minuto. Jogada a jogada.

Teu canto é a melhor forma de oração. Reze a pleno pulmão. Tenhas certeza de que os anjos receberão tua prece. E tu ouvirás Deus sussurrando num grito de campeão.

Faz a tua parte, Colorado. O que é vosso há de ser vosso.

Cada vez mais, rumo à América.

Monday, August 14, 2006

Vitoria providencial



Com um gol de Fabinho, aos 43min do segundo tempo, o Internacional venceu o Fortaleza, no Castelão, e assumiu a vice-liderança do Campeonato Brasileiro.

Com suas atenções voltadas exclusivamente para a decisão da Copa Libertadores da América, o Colorado mandou a campo, mais uma vez, uma equipe reserva. E não apenas. Também Leomir assumiu o comando da equipe em lugar de Abel Braga, que ficou em Porto Alegre trabalhando com o grupo principal.

Diante de sua torcida, a equipe da casa iniciou a partida no ataque e saiu na frente no placar: aos 12min, Alan soltou a bomba de fora da área na cobrança de uma falta e fez um golaço. Renan errou o tempo da bola e não se recuperou a tempo de praticar a defesa. Minutos depois, o substituto de Clemer se redimiria a fazer uma defesa espetacular de mão trocada, no ângulo direito.

A virada viria somente na segunda etapa. Aos 25min, Leomir colocou Léo em campo, em lugar de Maycon. Quatro minutos depois, o atacante faria o gol de empate, após cruzamento de Rentería, da direita.

E quando a partida se encaminhava para um irremediável empate, Fabinho, que integrara o grupo justamente por ter sido expulso na partida do Morumbi, pela Libertadores, acertou o ângulo direito de Albérico em uma cobrança de falta perfeita e confirmou a virada: 2 a 1.

A vitória reaproxima o Internacional do líder da tabela: agora, são quatro pontos que o separam do São Paulo - exatamente o seu adversário na próxima quarta-feira, na finalíssima da Libertadores. Pelo Brasileirão, o Colorado enfrenta o Palmeiras, no domingo que vem, no Beira-Rio.


Brasileirão 2006
Fortaleza 1 x 2 Internacional
Castelão, Fortaleza

Thursday, August 10, 2006

Com a mão na taça



Não está nada ganho? Não. A vantagem pode ser revertida no jogo de volta? Pode. Mas é inegável que, ao vencer o São Paulo, em pleno Morumbi, o Internacional deu um grande passo em direção à primeira conquista da América.

Confirmada a condição de jogo de Alex, o técnico Abel Braga manteve a equipe que venceu o Libertad, no Beira-Rio. A volta de Tinga permitia que o Colorado voltasse ao habitual 4-4-2, com Edinho e Fabinho à frente da zaga e Alex a Tinga na articulação do ataque. Fernandão se posicionava levemente recuado, enquanto Rafael Sóbis ficava mais à frente, como único atacante de fato.

O posicionamento ofensivo do Colorado surpreendeu o time são-paulino. Que, nos primeiros minutos de partida, se viu sem espaço para jogar. A situação se complicou ainda mais aos 9min: Josué atinge Sóbis com uma cotovelada na nuca e é imediadamente expulso pelo árbitro uruguaio Jorge Larrionda. Aos 18min, o Inter produz sua primeira grande oportunidade de marcar: Edinho avança pelo meio e lança Jorge Wagner, na diagonal. O lateral colorado avança sem marcação, mas o chute sai rasteiro, em cima de Rogério Ceni, que faz bela defesa.

Atordoado, o time de Muricy Ramalho acaba sendo auxiliado pela arbitragem minutos depois: Fernandão recebe um lindo passe dentro da área, livre de marcação, e o bandeirinha, erradamente, anula o lance, alegando impedimento. Na sequência do lance, Danilo recebe de Ricardo Oliveira dentro da área colorada, mas dessa vez o bandeirinha do outro lado acerta: o meia estava realmente impedido.

Mesmo com um jogador a menos em campo, o São Paulo começava a chegar com perigo. Aos 24min, Danilo cruza e Fabinho não alcança a bola, que chega para Leandro, na direita. O atacante parte para o arremate, mas o volante colorado se recupera, cortando o chute e mandando para escanteio, evitando um primeiro gol do time da casa. Um belo lance, que acaba esquecido logo depois: Fabinho disputa bola com Souza e dá um soco na cabeça do ala são-paulino. O árbitro consulta seus assitentes e o expulsa, também.




Iguais no placar e no número de jogadores em campo, São Paulo e Internacional voltaram para o segundo tempo com as mesmas formações. E coube ao time da casa o primeiro ataque: Danilo carrega a bola passa para Souza, que chuta para fácil defesa de Clemer. Aos 8min, o Inter chega ao seu gol: Edinho avança pelo meio, se livra da marcação e passa para Rafael Sóbis que, de frente para o gol, dribla Fabão e chuta rasteiro, de fora da área, longe do alcance de Rogério Ceni: 1 a 0.

Um gol que fazia juz à melhor equipe em campo. O Colorado ditava o ritmo do jogo, atuando como se estivesse no gramado do Gigante. Cinco minutos depois, o goleiro são-paulino se antecipa ao cruzamento de Alex, evitando que o passe chegue em Tinga. Aos 16min, entretanto, Rogério Ceni não evita o segundo gol colorado: Alex atravessa a bola para Fernandão que, de cabeça, ajeita para Tinga. Júnior corta e a bola vai no travessão. No rebote, Rafael Sóbis bate cruzado para fazer 2 a 0.

Só então Muricy Ramalho mexe na sua equipe: sai Danilo, entra Lenílson e o São Paulo cresce. Primeiro é Júnior, que chuta rente ao poste. Na sequência, é o próprio Lenílson que chuta para grande defesa de Clemer. Com Souza jogando aberto, o Tricolor chega com perigo aos 25min: o ala-direito cruza, Ricardo Oliveira ajeita, mas a bola bate em Wellington Monteiro e permite que Clemer faça uma defesa segura.

No lance seguinte o Inter tem a chance de matar o jogo: Fernandão chuta e Ceni dá o rebote, mas o chute de Sóbis sai muito alto, por sobre o gol. Por pouco, muito pouco, o Inter não fazia o terceiro gol, que praticamente garantiria o título.

Chance perdida de um lado, chance aproveitada de outro: aos 30min, o São Paulo descontou. Souza cruzou da intermediária e Edcarlos, livre de marcação, mandou de cabeça para o fundo do gol defendido por Clemer: 2 a 1. Logo depois, o zagueiro goleador daria lugar a Aloísio, em mais uma tentativa de Muricy de reverter o marcador.




Aos 38min, foi o Colorado quem teve a oportunidade de ampliar. Edinho arranca rumo ao gol são-paulino e é derrubado por Fabão, na entrada da área. O zagueiro merecia a expulsão, mas recebe apenas o cartão amarelo. Na cobrança, Jorge Wagner coloca um pouco de força demais e a bola sai por sobre a goleira.

E antes que a partida chegasse ao seu final, o São Paulo teve mais uma oportunidade para igualar o marcador: em mais um avanço de Souza, pelo lado direito, a bola desvia na zaga e vai em direção ao gol. Atento, Clemer mostra muita agilidade e faz um milagre, mandando a bola para escanteio e evitando aquele que poderia ser o gol de empate.

Fim de jogo e o Internacional comemora mais um grande resultado, na Copa Libertadores, como visitante. A vitória na casa do adversário coloca a equipe de Abel Braga em vantagem na disputa pelo título. Com um empate no jogo da volta, no Beira-Rio, o Colorado conquista a América pela primeira vez em sua história, 26 anos depois de ter disputado sua primeira e, até então, única final.

Agora é guerra.


Libertadores 2006
São Paulo 1 x 2 Internacional
Morumbi, São Paulo

Os nomes do jogo

INTERNACIONAL


Defesa

Clemer
Uma defesa excepcional em chute de Lenílson.
No final da partida, um milagre. Garantiu a vitória colorada.
Nota 9

Ceará

Um guerreiro. Saiu de campo extenuado.
Nota 7,5

Bolívar

Mais uma atuação quase perfeita.
Anulou Ricardo Oliveira.
Nota 8,5

Fabiano Eller

Muita técnica e liderança.
Nota 8

Jorge Wagner

Muito bem do meio pra frente, na articulação.
Mas quase comprometeu defensivamente.
Nota 8

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Wellington Monteiro
Entrou em lugar de Ceará e guardou posição.
Por ali, o São Paulo não achou espaço.
Nota 8

Índio

Entrou em lugar de Alex e não comprometeu.
Nota 6



Meio-campo

Edinho
Um dos melhores em campo. Perfeito defensivamente.
Mais de uma vez deixou os companheiros na cara do gol.
Nota 9

Fabinho

Lamentável.
Quase comprometeu a vitória com uma atitude infantil.
Ganha um crédito por evitar o gol de Leandro.
Nota 2

Tinga

Pura valentia, mesmo sem estar 100%.
Nota 7,5

Alex

Abaixo dos demais, pareceu sentir lesão.
Um passe milimétrico para Fernandão no segundo gol.
Nota 7

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Michel
Entrou em lugar de Tinga e não acrescentou muito.
Nota 6



Ataque

Fernandão
Um pouco apagado na primeira etapa.
Importante na segunda, quando centralizou o jogo.
Nota 8




Rafael Sóbis
O homem da partida.
Dois gols em uma final de Libertadores.
Nota 9,5



SÃO PAULO

Não fez valer a imensa torcida na arquibancada. O time de Muricy Ramalho entrou em campo confiante (até demais) na vitória, mas não conseguiu superar a ferrenha marcação do Internacional. Teve alguns minutos receosos após a expulsão de Josué, e sentiu demais o primeiro gol. Levou o segundo logo depois e por muito pouco não sofreu o terceiro. O gol de Edcarlos mantém a equipe paulista na disputa, mas só uma vitória na partida de volta, no Beira-Rio, interessa.

Nota 6

Os comandantes

ABEL BRAGA



O técnico colorado foi quase perfeito. Abel Braga não teve medo de enfrentar o atual campeão mundial em sua casa e colocou sua equipe jogando no campo são-paulino. Falhou em não mexer na equipe quando ficou com a vantagem de um jogador em campo e teve que ver Fabinho sendo expulso ridiculamente quase ao final da primeira etapa. No segundo tempo, mandou o time à frente e substituiu corretamente. Quem vê o dedo do treinador são-paulino na equipe colorada muito se engana: o Internacional é puramente Abel Braga. Uma equipe com garra, que alia técnica com muita vontade de vencer. Bem diferente de seu antecessor.

Nota 9



MURICY RAMALHO

Demorou para mexer na equipe. Quando o fez, a partida estava praticamente definida. Deveria ter recomposto a meia-cancha quando Josué foi expulso, assim como deveria ter colocado a equipe mais à frente quando o Internacional abriu o placar. Muricy Ramalho não foi diferente do usual: quando o time precisou, ele não soube o que fazer. Sua inoperância permitiu que o adversário tomasse conta da partida.

Nota 5

Wednesday, August 09, 2006

Amém

Súplica à América


Quando a bola chutada por Alex roçou a trave, eu viajei no tempo. Voltei a ser criança, deitado em meu quarto escuro. Minha janela se iluminava pelos fogos. Vi jogadores em branco e preto correndo para abraçar o gordo goleiro Almeida. Por um átimo, tive nítida a imagem do Sarriá colorado de 1989. Mas um urro de força sobre-humana me despertou do pesadelo. Como há 17 anos, meus olhos estavam mareados. A lembrança da vitória paraguaia começava a sumir da memória. Ao meu redor, vi braços apontando para as estrelas e escutei divinos e impublicáveis impropérios. Eu já não sentia mais a dor que carregava há quase duas décadas. Às margens do Guaíba, eu sentei. E chorei.

Enquanto as lágrimas pingavam no solo santo, fui arremessado na corrente do tempo novamente. Estava na arquibancada fria do Gigante, onde hoje se erguem os imponentes camarotes. Ouvia os mais velhos. Desconhecidos, em sua maioria. Entre cervejas e amendoins, narravam as façanhas do mágico time dos anos 70. Contavam da habilidade de Lula. Do cotovelo de Dom Elias. De Escurinho, o predestinado. De Minelli e seus triângulos. De Caçapava anulando Rivelino. Do mítico Manguita e de tantos outros. Mas todos, sem exceção, se empolgavam ao lembrar da maestria do camisa 5, deus de rara técnica. Havia os mais antigos ainda, que me descreviam o incrível Rolo Compressor, os Eucaliptos, Vicente Rao, Larry, Bodinho, Chinesinho, Odorico, Oreco, Nena, os Gre-Nais do passado, goleadas homéricas e uma infinidade de craques e seus feitos, que me pareciam saídos de um conto.

Porém, quando a bola rolava, eu tentava apoiar um time que não estava à altura daquelas histórias. Enquanto o rival empilhava títulos, eu colecionava frustrações. Tinha a certeza inabalável de que havia nascido na época errada. Sentia que perdera nossa época de ouro. Mesmo assim, meu coloradismo arraigado desde o berço só fazia crescer. Nem eu mesmo entendia porque continuava amando tanto aquele clube. Quando Oscar Ruiz apontou o centro do campo, na quinta-feira, eu compreendi. Eu vi a mística alvi-rubra aflorando. Eu vi a vida sendo escrita. Foi reservado para nós, para a nossa geração, levar o Internacional e sua senda de vitórias à plaga mais distante.

No momento de desbravar novas terras, a história e seus ciclos nos traz de novo um adversário de força incontestável. Como em 75, contra o Cruzeiro, de Nelinho, Raul e Piazza, uma máquina mineira de jogar bola. Hoje, a coisa parece ser ainda mais complicada.

Prepara-te, torcedor! Tu vais viver as duas semanas mais nervosas de tua vida. Vais sonhar com a vitória e ter pesadelos com a derrota. Quando acordar, sorrirás tranqüilo, ciente de que o verdadeiro sonho ainda está vivo. Os ponteiros de teu relógio não andarão e parecerão retroceder. As folhas de teu calendário teimarão em não cair. Serás fustigado por todos os lados, por quem teme a tua glória. Mas tenhas a certeza absoluta, irmão,
de que não estarás sozinho.

Para onde tu olhares, verás uma camisa vermelha. Elas se multiplicarão como por obra e graça divina. Nas ruas da cidade. Por onde passares. Em tua mente. Em teu corpo. Use-a. Celebre-a. Ame com ela e a ela. Teus problemas ficam para depois. Teu trabalho fica para depois. Tuas contas ficam para depois. Tua saúde e teu futuro ficam para depois. Tua vida é teu clube e teu clube é tua vida. Respire Inter. Coma e beba Inter. Durma e acorde cada vez mais Inter. Serás colorado antes de seres filho. Serás colorado antes de seres pai, antes de seres marido e mulher. Serás colorado antes de seres humano. Tu és um seguidor. E nada vai te separar na hora mais importante da história de teu time. Da tua história. Da nossa história. Apoie, sempre e incondicionalmente. Cante a pleno pulmão e quando não o tiver mais. Não esmorecerás nunca! Tu nasceste da negação e és filho da persistência. A garra foi criada à imagem e semelhança da torcida colorada.

Em 16 de agosto, tu viverás um dia mágico. Verás uma procissão sem igual. De todos os pagos e rincões, as almas se abalarão até o Gigante. Tu jogarás junto. Por ti e pela tua família. Pelos que estão vivos e pelos que ainda hão de nascer. Não te preocupes com os que já se foram. Pois eles estarão lá, contigo. O trabalho de um colorado começa nesta vida e continua na próxima. Dos círculos infernais por onde Dante passeou, ao sétimo céu, espíritos imortais estarão presentes e darão seu apoio. Históricos e anônimos. De boa ou má índole. Todos colorados em sua essência.

Tu não te preocuparás com o clima. Chuva ou sol. Calor ou frio. Mesmo que o céu mande pedras ou enxofre. Nada te impedirá. Tu estarás no Beira-Rio. Em pé nas arquibancadas, tu olharás para o gramado. Sentirás que o lema criado para a competição mais importante do século está defasado. Já é guerra há muito tempo. Tu não vês mais jogadores. Eles não usam mais uniformes. Vestem armaduras de um rubro sagrado. São templários de tua nação. Travam uma cruzada pacífica, de amor e vibração. Trazem consigo toda a história deste clube e dessa terra. Têm o peito de aço, tal qual Dario. E a humildade de Tesourinha, que jogava por tão somente dois litros de leite. São chimangos e maragatos. São Terra e Cambará. São lanceiros negros, brancos e vermelhos. São o mais fino exemplar da raça gaudéria. Fortes. Aguerridos. Bravos. Contam com toda a virtude derramada sobre o Pampa. Honram ao teu Internacional. Como tu sempre pediste. E te darão a Libertadores, ainda que tardia.

Que esta seja a aurora precursora de tua verdadeira época de glórias, meu Colorado. Que tu tenhas valor e constância. Que tua luta não seja ímpia, nem injusta. Que tuas façanhas sirvam de modelo, enfim, à toda a terra. Salve, Bodinho, Dom Elias e também o Falcão. Salve, Tinga, Sóbis e Fernandão. Salve, Feijó, Ballvé, Carvalho e os Poppe Leão. Salve, Minelli, Ênio Andrade, Teté e o Abelão. Salve, ramo de louros, invicto e tri-campeão. Salve, quinta estrela, roubada no Zveittão. Salve, sete Waldomiro, das vaias à redenção. Salve, Célio Silva chutando a bola e o chão. Salve, poeta Nelson Silva. Meu respeito e adoração.

Salve, ao teu Celeiros de Ases, nossa máxima exaltação. Salve, passado alvi-rubro, festa no meu coração. Salve, Rolo Compressor, toda a glória e tradição! Salve, Gol Iluminado, mar vermelho, êxtase e explosão. Salve, velho coreano. Que falta fazes, irmão! Salve, Dunga, Taffarel, Renteria e Perdigão. Por que não? Salve, Librelatto, és anjo rubro e branco junto ao Pai da criação. Salve, Gre-Nal do Século, exemplo de superação. Salve, Fabiano e a inesquecível humilhação. Salve, à Doze, à Fico, à Popular e à Nação! Salve, Salve, à torcida do povão. A maior e melhor desse rincão! Salve, o S, o C e o I, entrelaçados em força e paixão. Salve, Manto Sagrado, objeto de adoração. Salve, Gigante, minha vida e inspiração. Salve, Colorado, muito mais que a religião. Salve, enfim, à América, nossa guerra e obsessão!

E todos salvem a ti, Internacional. Que Deus te ilumine e os céus te guiem em tua maior batalha. Como o filho curvado frente ao pai, eu me ajoelho. Peço a benção e estendo a mão. A ti, rogo essa prece. Te saúdo em oração.

Toda a honra e toda a força, agora, a ti pertencem. Teu legado alvi-rubro será inexorável e eterno como o Tempo. Como o Vento. Defenderei teu nome, tuas cores e tua bandeira. Contra tudo e contra todos. Ontem, hoje e todo o sempre. Nesse mundo e nos outros.

Te dedico a vida e suplico a América.

Em nome de toda a família colorada.
E que assim seja.

Haja coração



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Sunday, August 06, 2006

Mantido o tabu



Enfim, o Internacional pagou o preço por priorizar a Copa Libertadores e relegar o Campeonato Brasileiro a um segundo plano. Com uma equipe inteiramente reserva, não resistiu à pressão dos donos da casa e, nos últimos minutos de jogo, permitiu a virada.

É justo dizer que o Colorado foi melhor em campo durante praticamente toda a partida. Depois de abrir o placar logo aos 10min, em um belo gol de Iarley, a equipe de Abel Braga seguiu dominando o jogo, criando boas oportunidades para ampliar o placar. Quando o Santos chegava com relativo perigo, parava no excelente atuação de Renan. O jovem goleiro, que costuma ser o segundo reserva, foi o grande destaque colorado na partida.

No segundo tempo, o Inter seguiu melhor. E quando Reinaldo foi expulso, aos 29min, depois de agredir Perdigão, a vitória parecia inevitável. Mas a desentrosada equipe colorada mostrou certa imaturidade, que se refletiu em uma sequência de perigosas faltas contra o gol de Renan. Algumas, claras; outras, duvidosas. Com vantagem no placar e no número de jogadores, o Inter não conseguiu suportar a pressão, e foi empurrado para sua defesa pelo time de Luxemburgo, pela torcida santista e pelo árbitro, que marcava uma falta atrás da outra para o time da casa.

Em uma delas, aos 39min, Wendel empatou em uma bomba de fora da área. E quando a partida se encaminhava para seu final, Rubens Cardoso derrubou Denis dentro da área. Pênalti, que o mesmo Wendel cobrou, para dar números finais ao placar, e confirmar a virada: 2 a 1.

O retrospecto negativo que o Internacional enfrentava quando iniciou a partida acabou se confirmando: agora, são oito partidas e oito derrotas enfrentando o Santos, na Vila Belmiro. E se mesmo sem vencer a equipe reserva havia conseguido manter o 2º lugar na tabela, dessa vez a situação foi oposta: com a derrota, o time de Abel Braga deve encerrar a rodada na sexta colocação.


Brasileirão 2006
Santos 2 x 1 Internacional
Beira-Rio, Porto Alegre

Friday, August 04, 2006

Na final



A segunda final brasileira da Copa Libertadores da América está garantida. Na última quinta-feira, o Internacional venceu o Libertad, do Paraguai, e volta à final da maior competição das américas após 26 anos.

Nos primeiros momentos da partida, parecia que o Colorado chegaria à vitória ao natural. Logo a 3min, Edinho subiu para o ataque fazendo ótimo passe para Fernandão, na direita. O cruzamento saiu rasteiro para Rafael Sóbis que, de primeira, concluiu a gol. González estava atento e fez ótima defesa com os pés, evitando que o Colorado abrisse o placar.

O ímpeto colorado, entretanto, aos poucos foi sendo controlado pela boa equipe paraguaia, que se fechava em sua defesa e saía com relativo perigo em rápidos contra-ataques. A opção de Abel Braga pelo esquema com três zagueiros resultava nos mesmo problema encontrado na partida de ida, no Defensores Del Chaco: o Inter perdia força no ataque, e dependia do sucesso de Rafael Sóbis, seu único atacante, no confronto com seus marcadores.

Não por acaso foi do atacante, novamente, a outra oportunidade de gol da primeira etapa. Após o cruzamento de Ceará, Sóbis mandou de cabeça, de fora da área. Mas a bola saiu sem força, e permitiu que González fizesse fácil defesa.

O Libertad iniciou o segundo tempo acuando o Inter em seu campo de defesa. E então, ficou evidente mais um problema do 3-5-2: com três zagueiros, mais Edinho e Fabinho recuados, o Inter cedia generosos espaços ao Libertad. E, nos primeiros minutos da segunda etapa, sofreu com a pressão do time paraguaio. E quando López perdeu um gol feito frente-a-frente com Clemer, o técnico colorado fez sinal para o banco de reservas.

Rentería entrou em lugar de Fabinho, e a história do jogo mudou. Não porque o Colorado abria mão de um volante para a entrada de um atacante, mas porque, ao colocar mais um homem de frente, Abel fez com que o time paraguaio recuasse. Ao posicionar Sóbis no lado direito e o colombiano no esquerdo, Abel abriu a defesa do Libertad.

O que resultou em mais espaço para os homens de meio-campo, mais exatamente para Alex e Fernandão. E o reflexo no placar foi quase imediato. Aos 18min, Alex avançou pelo meio e, de fora da área, arriscou. A bola quicou e ainda bateu na trave direita, antes de entrar, tirando completamente da jogada o goleiro paraguaio. Inter, 1 a 0.




Um gol que estremeceu o Beira-Rio. O torcedor colorado, que estava receoso e começava a cobrar os jogadores e reclamar do time, passou a cantar e a vibrar sem parar. E o time, em campo, respondeu. Aos 23min, Fernandão recebeu de costas para o gol, girou e, de perna esquerda, mandou um belo chute no canto esquerdo de González. Inter, 2 a 0. Era o gol da classificação colorada.

A vitória poderia ter sido mais elástica se Rentería não perdesse um gol feito aos 43min, mas a vaga na finalíssima estava garantida, assim como a festa dos mais de 50 mil colorados presentes nas arquibancadas do Gigante da Beira-Rio.

Dezessete anos depois, Abel Braga exorciza o fantasma da Libertadores de 89 e vinga a eliminação para o Olímpia. Se os deuses do futebol realmente existem, certamente existe algo especial reservado para o técnico colorado. A partir do próximo dia 9 de agosto, o Internacional decide com o São Paulo, de Muricy Ramalho, qual é o melhor time da América do Sul.

Agora é guerra.


Libertadores 2006
Internacional 2 x 0 Libertad
Beira-Rio, Porto Alegre

Libertadores 2006

Semifinais
Semifinal I



Depois de vencer o Chivas na partida de ida, no México, o São Paulo entrou em campo na partida de volta, no Morumbi, como grande favorito à primeira vaga na finalíssima da Libertadores. Entretanto, durante os 30 minutos iniciais, foi o time mexicano que esteve muito próximo da classificação. Foram três claras oportunidades de abrir o placar, que certamente mudariam a história do jogo.

Na primeira delas, aos 18min, Rogério Ceni fez espetacular defesa com os pés, após chute de Omar Bravo. Aos 20min, foi a vez de Bautista, livre de marcação dentro da área são-paulina, perder um gol imperdível. Seis minutos depois, Fabão fez pênalti em Bautista, mas Rogério Ceni mais uma vez foi espetacular, defendendo a ótima cobrança de Morales.

Aos 32min, o time de Muricy Ramalho abriu o placar, com Leandro. O Chivas tentou esboçar reação, mas, aos 39min, Mineiro acertou um petardo no ângulo de Sánchez e matou o jogo. Ricardo Oliveira, logo a 2min da segunda etapa, fechou o placar em 3 a 0, mas a classificação são-paulina já estava garantida.

São Paulo 3 x 0 Chivas
Morumbi, São Paulo


Semifinais
Semifinal II



Foram mais de 60 minutos de aflição, em que o 0 a 0 no placar levava a decisão da segunda vaga para a final da Libertadores para os pênaltis. Então, Alex acertou um belo chute de fora da área e abriu caminho para a classificação do Internacional.

O empate sem gols na partida de ida, no Defensores Del Chaco, deixava o confronto entre paraguaios e gaúchos indefinido. Um gol do Libertad poderia complicar de vez a vida do time de Abel Braga. Mas a equipe segurou-se bem na defesa e viu Fernandão, aos 26min da segunda etapa, fazer o gol que daria a segunda vaga na grande final para o Colorado.

Na próxima quarta-feira, o Internacional enfrenta o Tricolor Paulista no Morumbi.

Internacional 2 x 0 Libertad
Beira-Rio, Porto Alegre

Thursday, August 03, 2006

O jogo do ano



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