Friday, August 04, 2006

Na final



A segunda final brasileira da Copa Libertadores da América está garantida. Na última quinta-feira, o Internacional venceu o Libertad, do Paraguai, e volta à final da maior competição das américas após 26 anos.

Nos primeiros momentos da partida, parecia que o Colorado chegaria à vitória ao natural. Logo a 3min, Edinho subiu para o ataque fazendo ótimo passe para Fernandão, na direita. O cruzamento saiu rasteiro para Rafael Sóbis que, de primeira, concluiu a gol. González estava atento e fez ótima defesa com os pés, evitando que o Colorado abrisse o placar.

O ímpeto colorado, entretanto, aos poucos foi sendo controlado pela boa equipe paraguaia, que se fechava em sua defesa e saía com relativo perigo em rápidos contra-ataques. A opção de Abel Braga pelo esquema com três zagueiros resultava nos mesmo problema encontrado na partida de ida, no Defensores Del Chaco: o Inter perdia força no ataque, e dependia do sucesso de Rafael Sóbis, seu único atacante, no confronto com seus marcadores.

Não por acaso foi do atacante, novamente, a outra oportunidade de gol da primeira etapa. Após o cruzamento de Ceará, Sóbis mandou de cabeça, de fora da área. Mas a bola saiu sem força, e permitiu que González fizesse fácil defesa.

O Libertad iniciou o segundo tempo acuando o Inter em seu campo de defesa. E então, ficou evidente mais um problema do 3-5-2: com três zagueiros, mais Edinho e Fabinho recuados, o Inter cedia generosos espaços ao Libertad. E, nos primeiros minutos da segunda etapa, sofreu com a pressão do time paraguaio. E quando López perdeu um gol feito frente-a-frente com Clemer, o técnico colorado fez sinal para o banco de reservas.

Rentería entrou em lugar de Fabinho, e a história do jogo mudou. Não porque o Colorado abria mão de um volante para a entrada de um atacante, mas porque, ao colocar mais um homem de frente, Abel fez com que o time paraguaio recuasse. Ao posicionar Sóbis no lado direito e o colombiano no esquerdo, Abel abriu a defesa do Libertad.

O que resultou em mais espaço para os homens de meio-campo, mais exatamente para Alex e Fernandão. E o reflexo no placar foi quase imediato. Aos 18min, Alex avançou pelo meio e, de fora da área, arriscou. A bola quicou e ainda bateu na trave direita, antes de entrar, tirando completamente da jogada o goleiro paraguaio. Inter, 1 a 0.




Um gol que estremeceu o Beira-Rio. O torcedor colorado, que estava receoso e começava a cobrar os jogadores e reclamar do time, passou a cantar e a vibrar sem parar. E o time, em campo, respondeu. Aos 23min, Fernandão recebeu de costas para o gol, girou e, de perna esquerda, mandou um belo chute no canto esquerdo de González. Inter, 2 a 0. Era o gol da classificação colorada.

A vitória poderia ter sido mais elástica se Rentería não perdesse um gol feito aos 43min, mas a vaga na finalíssima estava garantida, assim como a festa dos mais de 50 mil colorados presentes nas arquibancadas do Gigante da Beira-Rio.

Dezessete anos depois, Abel Braga exorciza o fantasma da Libertadores de 89 e vinga a eliminação para o Olímpia. Se os deuses do futebol realmente existem, certamente existe algo especial reservado para o técnico colorado. A partir do próximo dia 9 de agosto, o Internacional decide com o São Paulo, de Muricy Ramalho, qual é o melhor time da América do Sul.

Agora é guerra.


Libertadores 2006
Internacional 2 x 0 Libertad
Beira-Rio, Porto Alegre

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